12.2.16

Ensaio > HR-V 1.5 i-VTEC Executive Auto


No ano passado, aquando da sua apresentação internacional em Lisboa, testámos a versão diesel do renascido HR-V, um modelo que em 1999 revolucionou o mercado dos SUV de pequena dimensão e que, apesar dos seus consumos algo elevados, teve bastante sucesso.

Recentemente testámos a versão a gasolina com transmissão CVT e compará-la com o seu irmão a diesel e com a 1ª geração.


DESIGN E EQUIPAMENTO
Esteticamente, tanto no interior como no exterior, pouco ou nada há de novo relativamente à versão a diesel testada no ano passado. Exceção para os faróis frontais e na retaguarda em LED que lhe conferem um aspeto mais elegante e desportivo, vidros escurecidos, teto panorâmico e para os estofos em tecido e pele.

O seu design compacto transmite uma presença robusta e as suas linhas coupé um visual mais desportivo.
Uma das críticas que fizemos no ano passado foi a de que, ao contrário da 1ª geração, o visual deste renascido não se destacava no dia a dia, tendo na altura culpado a cor escura e a falta dos faróis LED. Este ensaio comprovou isso mesmo, a cor branca e os faróis em LED, bem como as jantes maiores de 17", ajudaram o HR-V a sobressair. Por isso, se a sua intenção é ter algo exclusivo e que prenda a atenção opte por uma cor clara e, se o orçamento o permitir, pela versão Executive.
O modelo que nos foi atribuído estava calçado com pneus 215/55 montados em jantes de liga leve de 17" e 5 raios que ajudam a criar um look bem mais desportivo.


A presença exterior compacta estende-se ao interior onde sentimos uma sensação de envolvência e proximidade de todos os comandos, embora a posição escondida das fichas para dispositivos externos devesse ser revista pois não é nada prática.
O interior é convidativo, elegante e bem construído, composto por materiais de toque agradável.
O habitáculo é envolvente e espaçoso, o tablier caracteriza-se por uma zona central que se prolonga entre os bancos do condutor e passageiro, à semelhança dos coupés. O painel de instrumentos encontra-se bem conseguido, organizado e intuitivo, com todos os botões e funções ao alcance. Aquando do test-drive da versão diesel, referimos o efeito tridimensional dado ao mostrador do velocímetro, o qual continuamos a gostar mas, chamamos a atenção das pessoas mais suscetíveis ao hipnotismo para nos primeiros tempos não se distraírem e fixarem o olhar nessa zona enquanto conduzem durante a noite, altura em que se destaca um segundo efeito luminoso no centro, que nos fez lembrar os fogões a gás.
Centralmente, está posicionado o ecrã de 7" (táctil) com o sistema Honda Connect, o rádio, funções multimédia, GPS, etc. Um pouco mais abaixo, encontramos os comandos táteis para a climatização, com um design apelativo e fáceis de utilizar.
Ao nível de equipamento, destacamos ainda a câmara traseira que deveria estar melhor posicionada, pois, em diversas situações onde tivemos contraste de luz forte e sombra, a leitura da imagem visualizada no ecrã ficou bastante dificultada.
Os bancos, em pele e tecido, são ergonómicos e possuidores de bom apoio lateral, oferecendo uma boa posição de condução e transmitindo um bom nível de conforto. Os bancos traseiros "mágicos" são igualmente confortáveis e existe bastante espaço para as pernas.

A bagageira, com os seus generosos 1456 litros de capacidade total (bancos rebatidos), disponibiliza espaço mais do que suficiente para o dia a dia e para um qualquer transporte mais abusivo. Esta caraterística, apesar da menor capacidade e da ausência dos bancos "mágicos", já estava patente na 1ª geração do HR-V, onde ainda nos dias de hoje parece que cabe tudo e mais alguma coisa. Temos pena é que, ao contrário do que acontece no original, na 2ª geração não se tenha mantido a completa planura desde a zona do bordo de acesso à bagageira.


MOTOR E CONSUMOS
Chegamos à parte em que realmente as versões e gerações já testadas diferem, o coração do HR-V.

A 1ª geração estava apenas disponível com motorização a gasolina, inicialmente com 1600 de cilindrada e 105cv e posteriormente com um motor de tecnologia VTEC de 125cv de potência, ambas nas variantes de tração frontal ou 4WD. Neste aspeto tudo no HR-V original é aceitável mas sem grandes elogios, 105cv às 6200 rpm com binário de 138 Nm às 3400 rpm, ou 125cv às 6700 rpm com binário de 142 Nm às 4900 rpm, e um peso entre os 1200 e os 1300 kg, não produzem resultados excecionais num veículo com estas caraterísticas, mas não deixa de ser divertido de conduzir e suficiente para umas ligeiras aventuras fora de estrada na versão 4WD. Em estrada, são várias as situações em que a falta de potência se evidencia, principalmente em ultrapassagens, quando temos o carro carregado de ocupantes ou quando o pé direito se torna pesado, situações onde o consumo aumenta bastante.

Na 2ª geração, o motor a gasolina sofreu um downsizing para os 1.5lt, mas a potência aumentou, disponibilizando agora 130cv às 6600 rpm e um binário máximo de 155 Nm às 4600 rpm, com um peso praticamente idêntico (1249-1322 kg).
À primeira vista pode parecer uma boa conjugação de valores mas, no entanto, esta versão sai penalizada pela sua transmissão CVT, que nada tem a ver com a excelente caixa automática que equipa o CR-V. Quando em modo automático "D", a relação que esta caixa tem com o motor é bastante má, deixando o veículo com um comportamento amorfo em baixas rotações e um motor bastante barulhento em rotações mais elevadas, quase como se o ponto de embraiagem não estivesse a ser bem feito. Ficamos mesmo com a sensação de que o motor está constantemente em esforço. E em arranques consegue mesmo ser algo desesperante, fazendo lembrar os antigos diesel antes do disparo do turbo. Tudo em prol dos consumos. Quando passamos para o modo "S", principalmente em modo manual, o HR-V mostra outro fulgor e parece um carro completamente diferente. Embora o ruído continue, não é tão incomodativo e parece algo mais lógico no trabalhar do motor e no decorrer da condução.
Nota ainda para as patilhas das mudanças cuja localização e dimensão, em determinadas posições do volante, dificultam a sua utilização, uma vez que se encontram fixas a este e acompanham a sua rotação.


Outro aspeto para comparação com o HR-V original são os consumos.
Enquanto que na primeira geração os consumos variam entre os 7,5 e os 14 lt/100km, na 2ª geração a carteira fica mais poupada. Em modo "D", os consumos momentâneos registados não ultrapassaram os 8,5 lt/100km, já em modo "S" manual e com uma condução mais agressiva registamos consumos na ordem dos 12 lt/100km.
No final do ensaio, com 480 kms percorridos por estradas de serra (10%), nacionais (85%) e cidade (5%), a média final foi de 6,9 lt/100km ficando ainda com combustível para 145 km.
Ponto para o novo HR-V pois, por esta altura, já a 1ª geração teria de "correr" devagarinho para um posto de abastecimento.

COMPORTAMENTO E SEGURANÇA
A 1ª geração deste crossover compacto foi desenvolvida da plataforma do Honda Logo, um mini citadino que se encontrava em fim de produção e antecessor do Jazz. Apesar da sua altura, o comportamento do anterior HR-V é bastante bom, ágil de se conduzir e fácil de manobrar, tudo com um nível de conforto bastante aceitável.

Este sentimento foi conseguido na nova geração, onde o HR-V apresenta uma direção precisa, que responde facilmente a cada movimento.
Tal como na versão 1.6 i-DTEC testada anteriormente, a suspensão é firme mas não demasiadamente dura que comprometa o conforto, garantindo um excelente comportamento em estradas de curvas.
Os sistemas tecnológicos de segurança que equipam o HR-V, como o CTBA (travagem ativa em cidade), o Hill Hold/Start Assist (assistência ao arranque e paragem em subida), o reconhecimento dos sinais de trânsito e o FCW (avisador de colisão frontal) funcionam perfeitamente. Este último poderia, no entanto, ser um pouco mais tolerante. Calculamos que seja devido ao posicionamento do sensor, que o torna um pouco mais sensível do que os da Civic Tourer ou do CR-V.


Durante o ensaio, notámos uma boa insonorização aerodinâmica e ao rolamento, pecando apenas pelo já referido barulho proveniente do motor aquando de acelerações mais fortes. Aqui a 1ª geração acumula ponto, uma vez que o motor silencioso era uma das suas caraterísticas (e ainda continuará a ser, se estiver bem cuidado).

Uma das grandes lacunas da 2ª geração é não haver uma opção 4WD, restringindo o novo HR-V a percursos menos aventureiros. Mais uma vez, ponto para a 1ª geração que, apesar das suas limitações, tem um comportamento fora de estrada bastante surpreendente.

VALORES
O HR-V 1.5 i-VTEC Auto é comercializado em 2 níveis de equipamento: Elegance (a partir de 26.250€) e Executive (a partir de 29.350€).
Se optar pela cor da versão testada, Branco Metalizado Orchid (550€), ou qualquer outra metalizada o valor aumenta para 29.900€.
Aos valores referidos, acresce ainda as despesas de preparação e logística.



VEREDITO
Do que gostámos?
Qualidade da iluminação LED frontal
Sistema de suporte dos máximos (HSS)
Visual com faróis LED frontais e traseiros
Teto panorâmico
Qualidade geral dos materiais
Comportamento
Conforto

A melhorar?
Comportamento  da caixa CVT, principalmente em modo automático "D"
Motor barulhento em rotações mais elevadas
Posição da câmara traseira auxiliar de estacionamento
Localização das patilhas das mudanças
Aviso de colisão frontal que pode ser um pouco mais tolerante
Localização das fichas para dispositivos externos
Falta de versão 4WD

Em conclusão, para quem está a pensar adquirir o novo HR-V e tem os consumos como prioridade, aconselhamos a excelente versão diesel. Para quem não dispensa um motor a gasolina, aconselhamos a versão de transmissão manual de 6 velocidades, a não ser que privilegie a caixa automática para uma utilização citadina e com isso obter consumos ligeiramente mais reduzidos.

Leia o ensaio à versão diesel aqui > HR-V 1.6 i-DTEC.





C. Ruivo
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