27.6.16

Ensaio > CB500F


A CB500F entrou para a gama de modelos naked de média cilindrada da Honda em 2013.
Em 2016 renasceu com um aspeto mais musculado e atualizado, de onde se destaca o depósito de maior capacidade, iluminação LED, escape mais leve, forquilha dianteira com afinação e manete de travão com regulação.
Devido a uma herança de sucesso dada pela CB500 e ao seu novo estilo mais agressivo e desportivo, a CB500F tornou-se um verdadeiro sucesso de vendas entre os detentores de carta A2 e os que querem evoluir das 125 cc.

Quisemos saber se todo este êxito tem fundamento e por isso fomos testá-la.


DESIGN E EQUIPAMENTO
A primeira impressão, para quem está habituado a motos mais corpulentas, carenadas e potentes, é a de que falta qualquer coisa... mas rapidamente mudamos de opinião.
O motor está à vista de todos... e não está... a tampa do motor em tom dourado cobre o motor como uma pele e as entradas de ar à frente passam despercebidas. As linhas angulares deixam perceber as formas mecânicas e criam um formato trapezoidal que conferem um ar atual, desportivo e aguerrido.
Os painéis laterais estão divididos em duas partes, sendo a parte superior pintada maioritariamente composta pelo tanque de combustível, esculpido de forma a ajustar-se ergonomicamente ao condutor.

A ótica e o display bem integrados na frente da moto, em forma de V, complementam o design desportivo, assim como as fitas vermelhas e brancas nas jantes.

Sentados na moto, imediatamente saltam à vista as tampas da suspensão dianteira de acabamento Azul Alumite, que conjugam com a tonalidade azul do LCD cuja informação é bem visível e facilmente identificada em qualquer altura do dia. No painel de instrumentos é exibido o velocímetro digital, conta-rotações, conta-quilómetros totalizador, dois conta-quilómetros parciais, relógio e indicador digital do nível e dos consumos do combustível.
O interruptor de sinal de passagem está confortavelmente ao alcance do indicador, numa posição natural. O ajuste do travão dianteiro é bem-vindo.
Os comandos menos utilizados estão agrupados na manete direita: 4 piscas, botão de arranque elétrico, e corte de corrente.
Na manete esquerda temos tudo o resto: indicador de passagem, comando dos máximos, piscas e buzina.

Debaixo do banco do pendura temos um pequeno compartimento, de capacidade razoável, suficiente para alojar a documentação da moto, as calças de chuva e a carteira, ou um cadeado em "U".

Passando à parte traseira, confesso que fiquei apaixonado. O banco do pendura separado do banco do condutor, numa posição elevada, confortavelmente assente num corpo musculado que termina num farolim traseiro em LED e, logo por baixo, o apoio da matrícula formam um conjunto homogéneo e desportivo que dificilmente passará despercebido.

Para completar o visual desportivo temos o escape encorpado, predominantemente cinzento, com uma placa de proteção na parte de cima.

O único ponto "menos positivo" está nos espelhos. Parecem demasiado volumosos e presos ao guiador. Parecem simplesmente estar fora do lugar numa moto que tem pormenores de caráter desportivos espalhados por todo o lado.

As jantes de alumínio fundido de 17" vêm com pneus Dunlop Sportmax D222 montados, 120/70ZR17 à frente e 160/60ZR17 atrás. A moto vem ainda equipada de série com ABS.

A CB500F está disponível em 6 cores:
- Branco Ross, Azul e Vermelho Millennium (Tricolor)
- Amarelo-limão Ice e Preto Grafite
- Laranja Candy Energy e Cinzento Metalizado Macadam
- Vermelho Millennium e Cinzento Metalizado Macadam
- Branco Pérola Metalloid e Cinzento Metalizado Macadam
- Preto Mate Gunpowder e Prata Metalizado Mate Krypton

Bom... Chega de conversa, porque ninguém compra uma moto para estar a olhar para ela!


COMPORTAMENTO E CONFORTO
A posição de condução é confortável, ainda que o banco do condutor esteja numa posição relativamente baixa (785 mm). Do alto dos meus 1,80 m, facilmente me consigo sentar e ficar com os pés bem assentes no chão, ainda que tendo de fletir os joelhos. Se me levantar, a moto fica "solta" entre as minhas pernas, mas nem por isso é desconfortável, pelo contrário. Sentado e com as mãos no guiador, consigo manter uma postura direita, confortável, sem sentir pressão nas costas ou nas mãos.

Vamos à hora da verdade, chegou o momento de rodar a chave e pô-la a trabalhar.
Espelhos (facilmente) ajustados, com um bom campo de visão, moto a trabalhar e cá vamos nós.

Apesar de as condições climatéricas terem estado predominantemente ventosas durante o ensaio e a moto não ter proteções (carenagens e vidro frontal) é com relativa facilidade e à vontade que enfrenta o vento.
Quer em auto-estrada, em cidade ou estradas secundárias a moto revelou-se estável, apenas senti algum desequilíbrio no trajeto costeiro devido aos ventos laterais fortes. Mas, mesmo aí, notei que o conjunto da dimensão do meu corpo e da mochila que levava às costas eram os principais causadores da instabilidade.
Feitos 100 kms de retas, curvas, serra e muito vento, sentado de forma confortável, bem apoiado pelo guiador, sem sentir fadiga ou incómodo.
Agradavelmente surpreendido!

Com um centro de gravidade relativamente baixo e um guiador de generosas dimensões, é uma moto com uma ciclística muito agradável. Em cidade, quando nos aproximamos duma fila de trânsito, sabemos de antemão que vamos conseguir facilmente passar entre os veículos que estão parados. Mesmos os espelhos volumosos passam despercebidos, porque estão bem acima dos espelhos dos carros, o que facilita este tipo de manobra.

Mas o que é mesmo bom numa moto são as curvas... E nesta moto são um prazer de se fazer! Com uma boa altura ao solo e um corpo esguio o suficiente, a aproximação, entrada e saída de curva são feitas de forma natural e com confiança q. b., quer seja a rolar estrada fora, quer seja numa condução mais agressiva.
Ciclística bem conseguida, condução agradável e que inspira confiança.
 


MOTOR E CONSUMOS
Com um motor bicilíndrico DOHC de 8 válvulas, 474 cm3 e 48cv às 8500 rpm a CB500F herda muita da estrutura interna e da engenharia das CBR600RR e CBR1000RR, oferecendo excelentes respostas ao condutor.

Não é de esperar uma velocidade de ponta muito elevada, nem acelerações que nos façam perder o pendura... Mas a entrega linear de potência e o binário disponível desde cedo fazem com que a condução seja divertida e com rápidas acelerações. Não se sente falta de potência na moto à medida que rodamos punho, facilmente ultrapassamos um veículo mais lento sem necessidade de usar a caixa de velocidades. Entre as 2500 e as 4000 rpm rola-se confortavelmente, sem que o motor comprometa, acompanhados dum barulho bastante agradável do motor. Num estágio mais alto de rotações o motor parece ganhar nova vida e responde facilmente até pouco acima das 8500 rpm, impelindo o condutor a uma condução mais desportiva e agressiva.
Abaixo das 2500 rpm o motor tem dificuldade em manter-se acordado, como é de esperar neste tipo de construção.
Em resumo, temos motor para uma condução tranquila ou para uma condução mais agressiva, sem qualquer tipo de compromisso.

Menção honrosa ainda para a caixa de 6 velocidades, herdada dos modelos RR. Suave, silenciosa e precisa.

Quanto a consumos, num ensaio que contemplou um misto de cidade, estrada e auto estrada, com subidas e descidas por serra, a CB500F registou um consumo final de 3.8 lt/100km, num depósito que leva 16.7 litros (incluindo reserva). Palavras para quê?

VALOR
O preço de venda ao público recomendado para a CB500F é de 5.899 € (sem documentação).

VEREDITO
Moto económica com um design atual e agressivo, e um motor que não dececiona. Posição de condução muito confortável, mesmo a velocidades mais elevadas. Ideal para quem quer saltar das 125 cc para uma mota mais potente mas equilibrada.

Habituado a motos mais potentes, foi com prazer e um sorriso nos lábios que passei estes dias sentado na Honda CB500F.




A. Pimenta
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