Ensaio > Jazz 1.5 i-VTEC Dynamic
Na sua terceira geração, o mais pequeno dos Honda (no mercado nacional, pelo menos) recebeu a atualização de meia vida no ano passado, chegando aos concessionários portugueses no início deste ano com a introdução de uma motorização mais vitaminada de 1.5 litros, presente também no HR-V com o qual partilha a plataforma.
O 1.5 i-VTEC Dynamic junta-se assim ao 1.3 i-VTEC reforçando a oferta do modelo Jazz que, em 17 anos de existência, vendeu mais de 7 milhões de unidades mundialmente.
DESIGN E EQUIPAMENTO
No geral, o visual e a volumetria do Honda Jazz mantiveram-se praticamente inalterados. Nesta atualização a grande diferença centra-se nos pára-choques, cujas "entradas e saídas" de ar laterais aumentaram na frente e diminuíram substancialmente na traseira. A grelha dianteira foi ligeiramente redesenhada com a metade inferior a ser preenchida por uma grelha em "favo de mel" e, nos níveis de equipamento Elegance e Dynamic, as luzes de dia foram integradas nos faróis.
Estas subtis alterações deram ao Jazz uma imagem mais atualizada, desportiva, jovial e arrojada, e em linha com a restante família Honda.
No 1.5 Dynamic, a desportividade figura mais assertivamente com a introdução de um fino splitter por
baixo da grelha inferior dianteira e de um difusor de triplo defletor na traseira, ambos decorados com uma linha vermelha a
sobressair no acabamento preto ao estilo Type R, adições que despertam a curiosidade de transeuntes e de outros condutores. Esta versão incluí ainda faróis de LEDs e
de nevoeiro, spoilers nas embaladeiras laterais e na tampa da bagageira, e jantes de 16" de liga leve em preto brilhante.
No interior, a maior diferença para os restantes níveis de equipamento e versão pré-renovação são os acabamentos têxteis e os comandos do sistema de climatização. Nesta versão Dynamic, os estofos em tecido preto adotam um padrão exclusivo às riscas com apontamentos laranjas e delineados pelas costuras na mesma cor. O volante e alavanca das mudanças são em pele, realçados também por costuras em laranja. A consola central deixou de apresentar o painel digital de controlo da climatização, para passar a uma seleção mais manual por meio de três botões redondos e um seletor deslizante "à antiga" para encerrar a entrada de ar exterior. Neste Jazz, com a ausência de sistemas de arranque sem chave, voltamos também para os tempos do rodar da chave.
Os bancos oferecem um excelente suporte e ergonomia tanto
para viagens curtas como para viagens mais longas, chamada de atenção
para o pormenor do suporte de copos do condutor junto à ventilação do
lado esquerdo que é uma mais valia para, com a ajuda do ar condicionado, manter a bebida fresca em dias de maior calor.
A qualidade dos acabamentos e materiais é adequada para o segmento, no entanto, se tivermos em conta que esta versão é a topo da gama Jazz e custa o mesmo que o nível de equipamento de entrada da gama Civic ou mais que o de entrada na gama HR-V, sentimos falta de alguns elementos que nos dias que correm se esperam num topo de gama, como um tecto de abrir ou um ar condicionado automático, vidros escurecidos ou uma câmara auxiliar traseira.
Fora estes "luxos", o Jazz Dynamic vem equipado com faróis automáticos, bancos dianteiros aquecidos, sensores de parqueamento à frente e atrás, e um excelente pacote de segurança com os sistemas de paragem de emergência, de alerta de esvaziamento de pneus, travagem ativa em cidade, avisador de colisão frontal e de saída de faixa, controlo de velocidade de cruzeiro com limitador inteligente da velocidade, reconhecimento dos sinais de trânsito e assistência ao arranque em subida, entre outros.
A versatilidade e o generoso espaço interior subsistem, assim como os indissociáveis bancos "mágicos" que acompanham o modelo desde a sua primeira geração e a generosa mala de 354 litros com os bancos na sua posição normal.
Com este "novo" bloco de 1498 cc e 130 cv, o Jazz ganhou a genica que lhe faltava, dado que a única oferta era, até agora, o 1.3 i-VTEC de 102 cv mais direcionado para uma condução citadina. O 1.5 i-VTEC atmosférico herdado do HR-V proporciona-lhe um respirar vigoroso, tornando-o bastante mais divertido e mais apto para viagens longas.
Com a totalidade da potência a ser entregue às 6600 rpm e os 155 Nm de binário disponibilizados às 4600 rpm (configuração idêntica à do HR-V), graças ao ser menor peso, o Jazz Dynamic consegue ser 1 segundo e meio mais rápido que o seu irmão SUV.
Ao contrário do 1.3, a caixa de velocidades manual encontra-se melhor escalonada providenciando uma resposta sempre pronta na aceleração e recuperações que não desapontam, brindando-nos com um curso direto e um comportamento linear e consistente sem momentos amorfos.
A 6ª relação é caraterizada por um abrangente intervalo de rotações, possibilitando uma utilização em rotações tão baixas como as 1000 rpm e mesmo assim oferecendo uma recuperação energética q.b. que dispensa a redução para relações mais baixas, permitindo-nos circular em 6ª praticamente o tempo todo. Esta ampla "rotatividade" e disponibilidade tem o "reverso da medalha" refletido numa sensação de motor "preso" em altas rotações sempre pronto a responder quase de imediato, mesmo em situações de velocidades constantes. O que até pode não ser desajustado numa condução mais expressiva, mas numa viagem calma e linear seria preferível que a 6ª fosse um nadinha mais relaxada e estivesse mais direcionada para uma velocidade de cruzeiro.
Quando o assunto são consumos, no geral, os resultados são bons mas não fenomenais. Por um lado esperava-se que, dado o seu menor peso, o Jazz 1.5 apresentasse médias mais baixas ou idênticas às do Civic 1.0 i-VTEC Turbo (o que até veio a acontecer em certas ocasiões), por outro, dadas as caraterísticas do bloco 1.5 atmosférico e a aerodinâmica do modelo não se poderiam esperar milagres. Contudo, é digno de nota o facto de quase ter conseguido igualar os do 1.3 i-VTEC.
Na realidade, no fim de um ensaio que durou quase 703 km (10% em urbano, 40% em extra-urbano e 50% em autoestrada), com o ar condicionado ligado 80% do tempo, a média combinada fixou-se nos 5.8 lt/100km, indo de encontro ao anunciado pela marca. Durante o teste registaram-se valores que variaram de forma considerável, desde entre os 6.3 e os 7.8 lt/100km em percursos urbanos a valores entre os 4.9 e os 6.4 lt/100km em extra-urbano, passando pelos 5.1 lt/100km em autoestrada.
Se fizer o gosto ao pé dando uso à caixa de velocidades e puxar pelos 130 cv, espere ver os consumos dispararem para valores na casa dos 8 lt/100km. Por outro lado, se fizer uma condução regrada e direcionada para poupar a carteira, com as condições ideais pode até conseguir consumos inesperados (nem que seja por alguns quilómetros), como a média de 3.6 lt/100km, o valor mais baixo verificado durante o ensaio, em auto-estrada sem qualquer tipo de ventilação ligada, com o cruise control ativado e em trajeto plano.
COMPORTAMENTO
Apesar de mais vitaminado, esta versão do Jazz continua a oferecer um comportamento muito previsível e confiante, de condução estável e descomplicada. A direção é precisa e a suspensão é suficientemente firme para um comportamento eficaz em curva com um adornar controlado, mas sem ser exageradamente dura para comprometer em demasia o conforto necessário em estradas de piso mais degradado.
Em cidade é ágil e fácil de manobrar como qualquer citadino deve ser, e em estrada aberta, graças ao trunfo debaixo do capô, oferece uma condução agradável, menos exaustiva e com um nível de ruído moderado, conseguindo surpreender a maioria dos outros condutores com a sua atitude despachada, afinal de contas o Jazz não é propriamente conhecido por ser um dos "Speedy González" do segmento.
No entanto, apesar de toda esta competência, o Jazz Dynamic é o perfeito exemplo de que introduzir um motor mais potente e de maior capacidade, e dotar o carro com alguns extras aerodinâmicos até podem fazer dele uma espécie de pocket rocket, mas não o tornam num verdadeiro desportivo.
Sim, o Jazz 1.5 é extremamente competente, um excelente citadino para a autoestrada, com um andamento enérgico e as suas prestações são significativamente melhores do que as do 1.3 i-VTEC, ganhando em velocidade 2,6 segundos dos 0 aos 100 km/h a este último, mas a volumetria da carroçaria, o chassis, a suspensão (aqui não há suspensões adaptativas) e os travões não ajudam ao dinamismo que se espera de um carro que aparenta ser mais do que um vulgar citadino.
Sim, o Jazz 1.5 é extremamente competente, um excelente citadino para a autoestrada, com um andamento enérgico e as suas prestações são significativamente melhores do que as do 1.3 i-VTEC, ganhando em velocidade 2,6 segundos dos 0 aos 100 km/h a este último, mas a volumetria da carroçaria, o chassis, a suspensão (aqui não há suspensões adaptativas) e os travões não ajudam ao dinamismo que se espera de um carro que aparenta ser mais do que um vulgar citadino.
Com isto não quero dizer que a Honda tenha propriamente dado um tiro no pé ao colocar o 1.5 i-VTEC no Jazz, de todo, até porque apenas uma motorização é uma oferta algo limitada. Mas parece ter criado uma espécie de crise de identidade que não existia no citadino. Das duas uma, ou o Jazz Dynamic se assumia como um citadino de maior vigor e nada mais, e esteticamente teria-lhe sido dada uma identidade própria ao invés de o mascarar de mini Type R, tornando-se mais consensual para o típico cliente europeu do Jazz ou, dinamicamente, teriam sido efetuados ajustes que direcionassem a versão para uma vertente realmente desportiva, fazendo então aqui sentido a aparência de pocket rocket que lhe deram, orientando a versão para um grupo de clientes mais jovens. Claro está que este último cenário iria significar um inevitável aumento do preço dificilmente aceite pelo consumidor português, tendo em conta outras ofertas no mercado.
Para o mercado europeu teria feito mais sentido a Honda ter equipado o Jazz com o 1.0 do atual Civic, mas entende-se porque não o fez, embora ainda não haja confirmação (apenas para o híbrido), economicamente para a fabricante esse passo tem mais nexo ser realizado com a nova geração, após o desenvolvimento de raiz para receber esse motor. Até porque, nesta altura do jogo, com a nova geração à porta e quando ainda tem a versão 1.3 a ser comercializada, simplesmente não tem lógica.
VALORES
O Honda Jazz 1.5 i-VTEC tem apenas disponível 1 nível de equipamento, o Dynamic, mas tem a opção de escolha entre a transmissão manual da unidade ensaiada ou a automática CVT de 7 velocidades.
Os preços arrancam, respetivamente, nos 23.550€ da versão manual e nos 24.575€ da versão CVT. A unidade testada soma mais 500€ devido à pintura metalizada.
Os preços arrancam, respetivamente, nos 23.550€ da versão manual e nos 24.575€ da versão CVT. A unidade testada soma mais 500€ devido à pintura metalizada.
C. Ruivo