Honda patenteia grelha estrutural e usa NSX como modelo

O Gabinete de Patentes e Marcas Registadas dos Estados Unidos (USPTO) acaba de publicar uma patente submetida pela Honda Motor Co., Ltd. relativa ao desenho, métodos de uso e fabricação de uma estrutura para as aberturas de admissão de ar situadas na frente ou traseira dos veículos.

Normalmente não daríamos grande importância a uma patente deste género, afinal de contas não passa de mais uma grelha, mas esta patente despertou o nosso interesse por duas razões: o facto da sua conceção estar associada à rigidez estrutural e diminuição de peso da peça, e pelo facto de estar associada a desenhos do NSX.

A grande maioria dos veículos, dos mais variados tipos, incluem admissões de ar exteriores que facilitam a passagem do ar desde o exterior ao interior e em redor dos veículos para propósitos aerodinâmicos e arrefecimento. No entanto, estes ductos de ar exteriores podem incluir aberturas relativamente grandes em componentes estruturais do veículo, como é o caso dos super-desportivos ou carros de competição, tornando-se um desafio para os designers e engenheiros garantir a integridade estrutural dos componentes onde estes ductos se inserem.

A patente agora publicada foca-se na conceção da peça como meio de garantir a melhor relação de baixo peso, alta rigidez e eficiência da passagem do ar, enquanto evita o uso de soluções como a rede "favo de mel", dando uma maior liberdade ao design estrutural deste tipo de peças sem comprometer a integridade estrutural do componente.

Na documentação da patente pode ler-se: "Estas aberturas (de admissão de ar) podem causar uma diminuição no suporte estrutural e na rigidez dos respetivos componentes, tais como os pára-choques (o caso ilustrado nesta patente), capô, tejadilho, portas, espelhos, pilares, etc. Este decréscimo no suporte estrutural pode ser influenciado por uma série de fatores, incluindo a implementação de barras transversais que se estendem através das aberturas de admissão configuradas para melhorar o suporte estrutural das aberturas externas".

Acontece que, tal como a Honda assume nesta patente, estas barras estruturais são finas e podem ser estruturalmente fracas, além de desviarem o fluxo de ar de forma a produzir sons aerodinâmicos aquando da entrada do ar, resultando numa fraca performance da estrutura do componente e eventualmente em danos nas barras. Por isso, para benefício da rigidez e da aeroacústica das barras, a fabricante sugere o reforço destas com "braçadeiras" aerodinâmicas alternadas e angulares, sendo estas dispostas no interior das barras para aumentar a aeroacústica e a estética das barras.

Embora algumas das partes da peça possam ser sólidas, outras podem adotar um interior em malha zigue-zague como forma de garantir a rigidez e resistência pretendida, e reduzir o peso da peça.

Desta forma, a Honda tornaria as barras como peça estrutural da abertura de admissão de ar e não apenas uma peça de cobertura estética e protetora contra detritos, criando uma "fascia" mais rígida sem sacrificar o fluxo de ar.
Embora a patente especifique que se trata de uma grelha frontal para qualquer tipo de veículo, seja ele um automóvel de competição, de passageiros, um monovolume ou uma camioneta, a escolha do NSX para o "modelo" de aplicação da peça não deixa de ser curiosa.

Pela altura em que o pedido desta patente foi submetido (28 de junho de 2016), o então responsável pelo projeto da nova geração do NSX, Ted Klaus, afirmava que estavam a ser contempladas mais variantes do super-desportivo híbrido da Honda: descapotável, 100% elétrica, não híbrida e uma mais aligeirada que poderá ser a versão Type R.

Não é pois assim tão descabido questionarmos se esta não será uma das muitas medidas para emagrecer o NSX e se a variante Type R estará assim tão longe de ver a luz do dia.