Honda continuará independente... mas não solitária
Os custos elevados do desenvolvimento e produção das novas gerações de veículos elétricos e autónomos têm forçado as construtoras automóveis a novas parcerias e alianças. Exemplo disso é o cenário da indústria automóvel japonesa que volta a ser agitado com as recentes associações entre a Renault-Nissan-Mitsubishi e a Toyota-Suzuki.
À luz destes acontecimentos, a Honda continua impávida e serena na sua posição um tanto ou quanto individualista. Mas por quanto tempo mais se irá manter assim?
Sobre este assunto a marca esclarece que, ao contrário dos seus rivais, não tem interesse numa associação com outro fabricante, reportando que se encontra muito bem como está.
Facto é que as associações estratégicas têm resultado num aumento das vendas potenciadas pela entre-ajuda das marcas do mesmo grupo. No entanto, para a Honda os números de vendas, apesar de importantes, não parecem ser o principal e único foco da construtora.
Mesmo com as suas vendas globais de "apenas" 5 milhões de unidades, o presidente executivo da Honda, Takahiro Hachigo, reafirma que não tem pressa de ultrapassar esse valor. Dando o exemplo da "corrida" dos seus rivais em atingir valores que contabilizam o dobro dos da Honda, em especial a Toyota, a Volkswagen e a Renault-Nissan.
"Nós não temos nenhuma aspiração frenética em chegar às 10 milhões de unidades. Queremos desenhar uma linha entre aqueles que o querem fazer e nós próprios. Queremos ficar no patamar dos 5 milhões.", explicou Hachigo em entrevista à Automotive News.
Esta posição da Honda, embora respeitável, pode significar um caminho desafiador e bastante penoso no futuro.
Hachigo está consciente disso e também de que as estratégias da marca nipónica terão de sofrer alterações para fazer face à nova realidade, exemplo disso é a mais recente parceria da Toyota com a Suzuki que poderá vir a ter impacto no mercado japonês de carros de pequenas dimensões.
No entanto, tal como já tínhamos reportado, a Honda pretende priorizar o produto sobre o volume da pura produção.
"Não estamos a perseguir o volume apenas pelo bem dos números. Ao fortalecermos os nossos produtos, isso poderá levar a um aumento de escala.", explicou Hachigo.
Esta persistente independência da Honda, da qual todos na companhia têm um orgulho a roçar a devoção religiosa, tem levado a marca a ser a única grande construtora japonesa, para além da Toyota, a não ceder qualquer participação de ações a outra construtora rival.
"Eles são muito confiantes de quem são. É quase como um fervor religioso", declarou o analista automóvel Chris Richter, à Automotive News.
Mas não se julgue que a Honda está completamente isolada nem irá ficar. Relembrando a parceria com a GM no campo da tecnologia de hidrogénio, Hachigo afirma que a fabricante está aberta a parcerias tecnológicas, mas apenas para isso.
"Quando falamos em tecnologias que são 100% ganho para ambos os participantes, queremos perseguir essas alianças. Mas no que toca a negócios, existem coisas que queremos fazer por nós próprios.", "Apenas queremos poder fazer o que quisermos fazer.", afirma.
"Quando falamos em tecnologias que são 100% ganho para ambos os participantes, queremos perseguir essas alianças. Mas no que toca a negócios, existem coisas que queremos fazer por nós próprios.", "Apenas queremos poder fazer o que quisermos fazer.", afirma.
Orgulhosos da variedade de tecnologias e produtos desenvolvidos pela própria empresa, Hachigo declara que a marca está "num ponto em que tentamos inventar uma espécie de colaboração interna entre os nossos grupos das várias categorias de produtos.", dando a entender que a fabricante japonesa se encontra numa época de melhoramentos internos.