7.9.17

Ensaio > Civic 1.5 i-VTEC Turbo Sport Plus


Quando em junho testámos a versão 1.0 i-VTEC Turbo, ficámos positivamente admirados pelo seu desempenho e comportamento desenvolto, com prestações que nos lembraram o 1.6 i-DTEC da geração anterior. No fim do ensaio, uma questão se colocou... se o 1.0 era assim tão surpreendente, como se comportaria o seu irmão mais possante.

A resposta não tardou a chegar quando fomos buscar o 1.5 i-VTEC Turbo cinzento às instalações do novo importador.


DESIGN E EQUIPAMENTO
Como já tínhamos referido no ensaio do 1.0, graças à nova plataforma, o novo Civic está maior (+14,8 cm em comprimento e +3 cm em largura) e com a posição de condução 3,5 cm mais baixa.
O nível de equipamento do exemplar que nos foi cedido não é o topo da gama e situa-se 1 nível abaixo do do 1.0, mas mesmo assim, para quem não é de luxos, tem tudo o que se pode querer e precisar.

Esteticamente, pelo exterior as diferenças para o Executive Premium do 1.0 que testámos são quase impercetíveis, com a grelha comum à restante família Honda, flanqueada pelos faróis esguios em LED, e sublinhada pelo desportivo e agressivo pára-choques com as enormes entradas de ar falsas preenchidas por "grelhas" onde se encontram as luzes de nevoeiro.
Na traseira, a única diferença são as duas ponteiras posicionadas centralmente a acentuar ainda mais o visual desportivo e a remeter para o novo Civic Type R.
Neste Sport Plus, o tecto em vidro, escurecido e atérmico com proteção extra de um "estore" em tecido preto translúcido, continua presente. A rematar os pára-choques frontal, traseiro e as laterais, guarnições extra dão-lhe um visual mais desportivo, ou não fosse esta uma versão Sport.


No interior a cor dominante é o preto com detalhes em carbono no tablier e portas. Esta versão Sport Plus é caraterizada pelos bancos em tecido de boa qualidade e acabamento, de ajuste manual e regulação elétrica para a zona lombar, de boa ergonomia e confortáveis o suficiente para fazer uma viagem de 3 horas seguidas sem grandes desgastes físicos. Curiosamente a Honda optou por colocar um tecido diferente do aplicado nos bancos nos painéis das portas, apoio de braço e traseira dos encostos dos bancos dianteiros, e embora nos tenha parecido resistente, é um pouco suscetível de ficar marcado, por isso cuidado com os sapatos e mãos sujas de pó branco.
Ao contrário de outros níveis de equipamento que apresentam uma coloração azul, neste o painel de instrumentos assume a cor vermelha, puxando para um ambiente mais desportivo.
O volante em pele continua a fornecer um bom contacto e a dar um bom controlo da direção,  e os vários comandos da climatização, sistemas de informação e assistência à condução são intuitivos e simples de utilizar, tal como já tínhamos notado no ensaio do irmão de 988 cc.
Tudo o resto apresenta-se e funciona tal como descrito para a versão Executive Premium do ensaio anterior, pelo que nos vamos abster de repetir.

Chamada de atenção para a inexistência do prático "cofre" na generosa bagageira de 478 lt e do aquecimento dos bancos traseiros que ficou reservado para o nível de equipamento Prestige.


MOTOR E CONSUMOS
Apesar de não nos ter surpreendido tanto como o 1.0 i-VTEC Turbo, em boa parte por causa de toda a relação da capacidade, potência, binário e dos 4 cilindros, o comportamento deste 1.5 revelou-se bastante agradável e previsível em todas as situações de condução durante o ensaio, mostrando-se responsivo e equilibrado em todo o espectro da caixa de velocidades, com a entrada do turbo a ser praticamente impercetível. Em suma, um comportamento muito semelhante ao dos motores diesel com cerca de 150 cv de potência, mas com o disparo do turbo a ser menos evidente. Para quem estiver habituado aos BMW e Audi 2.0 de 150 cv só notará alguma diferença em situações onde o maior binário dos alemães mostra a sua superioridade.

A transmissão manual de 6 velocidades é curta, rápida e bem escalonada, proporcionando uma regular progressão da aceleração, com as recuperações a serem efetuadas de forma segura e sem arrastamentos, o que permite ultrapassagens confortáveis mesmo em 5ª ou 6ª velocidade. Para uma ultrapassagem mais rápida ou para se sair de algum aperto, basta reduzir para que o motor mostre o vigor dos 182 cv e 240 Nm de binário de forma imediata.

Este 1.5 VTEC Turbo de 4 cilindros mostrou-se silencioso q.b. em qualquer regime numa condução calma. Mas aquando de uma aceleração mais exigente, ajudado pelo sistema de escape de duas ponteiras, o Civic é capaz de produzir um delicioso roncar a fazer lembrar os Civic e CR-X dos finais dos anos 80.
Dentro do habitáculo o ruído é bem controlado, com o som do motor a passar apenas em aceleração mas sem ser incomodativo.

Relativamente aos consumos, não se pode afirmar que o mais potente dos Civic seja guloso. Aliás, tendo em conta o facto de ser a gasolina, a sua motorização, potência e prestações a puxar-nos para pesarmos o pé direito, é até bastante comedido.
Durante os 602 km percorridos (10% em urbano, 50% em extra-urbano e 40% em autoestrada), registaram-se valores de 7.2 lt/100km em percurso urbano, 5.1 lt/100km em extra-urbano e 4.7 lt/100km em auto-estrada. No final do ensaio, com uma condução despreocupada em todos os trajetos percorridos e com o modo ECON sempre desligado (ao contrário do que aconteceu com o 1.0 i-VTEC Turbo), a média combinada foi de 6.3 lt/100 km.


COMPORTAMENTO E SEGURANÇA
Tal como no seu irmão mais fraco, a direção revelou-se leve, precisa e rápida facilitando a circulação na cidade e nas manobras para estacionamentos onde a câmara traseira também dá uma ajuda valiosa.
O excelente comportamento da nova plataforma torna-se mais evidente no 1.5, permitindo travar mais tarde e acelerar mais cedo em curva.
Em estradas sinuosas, a suspensão e a maior rigidez voltou a sobressair, gerindo de forma competente as descompensações provocadas por este tipo de traçados numa condução mais agressiva, agarrando o Civic à estrada e controlando eficientemente a sub e a sobreviragem, mesmo com a suspensão em modo normal. Se quisermos aumentar o nível de confiança, é só ativar a suspensão adaptativa, o amortecimento fica mais estável mas também um pouco mais duro, evidenciando ligeiramente as imperfeições dos pisos irregulares, mas nada que comprometa o conforto em trajetos não muito longos.
Em auto-estrada, o comportamento é linear e o andamento suave e confortável. Aqui a aerodinâmica e a insonorização funcionam na perfeição, não havendo transmissão de ruídos exteriores e do motor dentro do habitáculo.

Os pneus que equipam as jantes de 17" oferecem uma boa aderência e a travagem produzida pelos travões dianteiros de 16" (15" no 1.0 i-VTEC Turbo) é eficaz, não havendo necessidade de exercer muita força no pedal.

A nível de segurança e assistência à condução, o novo Civic hatchback conseguiu em julho deste ano uma classificação de 4 estrelas nos mais exigentes testes do EuroNCAP*, vindo equipado de série com uma variedade impressionante de sistemas de monitorização, de segurança ativa e assistência à condução, em todos os níveis de equipamento, incluindo: Travagem Atenuante de Colisões (CMBS), Avisador de Colisão Frontal (FCW), Avisador de Saída de Faixa (LDW), Atenuação de Saída de Faixa (RDM), Assistência à Manutenção na Faixa de Rodagem (LKAS), Controlo da Velocidade de Cruzeiro Adaptável (ACC), Controlo Inteligente da Velocidade de Cruzeiro Adaptável (i-ACC), Reconhecimento de Sinalização de Trânsito (TSR), Limitador Inteligente da Velocidade (ISA), Alerta de Esvaziamento dos Pneus (DWS), Assistência à Travagem (BA), Distribuição Eletrónica da Travagem (EBD), Assistência ao Arranque em Subida (HSA), Assistência à Estabilidade do Veículo (VSA), Suporte da Iluminação dos Máximos (HSS) e Sistema de Paragem de Emergência, Sistema de Informação do Ângulo Morto (BSI) e Monitor de Trânsito Lateral (CTM), cujos avisos são visualizado através de um sinal luminoso no respetivo espelho retrovisor.
Todos os sistemas funcionam de forma eficiente e o modo de aviso de alguns pode mesmo ser personalizado através do ecrã de 7".


VALORES
O Civic 1.5 i-VTEC Turbo está a ser comercializado em 3 níveis de equipamento: Sport (valor base de 31.710€), Sport Plus (valor base de 33.710€) e Prestige (valor base de 34.710€).
Se juntarmos a pintura metalizada (550€), neste caso em Cinzento Polished Metal, e a taxa Eco, o valor da versão ensaiada, a Sport Plus, sobe para os 34.266€.
A estes valores acresce ainda as despesas de logística e transporte (1.175€).


VEREDITO
Do que gostámos?
Resposta e comportamento geral do motor
Comportamento da suspensão e chassis
Honda SENSING de série (sistemas de segurança ativa e assistência à condução)
Disposição do painel de instrumentos, dos comandos, da simplificação e facilidade de utilização dos vários sistemas de informação
Posição de condução
Da qualidade da iluminação em LED

A melhorar?
Tamanho das falsas saídas de ar no pára-choques traseiro (algo mais em linha com a versão sedan ou coupé)
Regulação dos bancos frontais (elétrica e com memória, como opcional nos níveis de equipamento de topo)
Tecido utilizado nos revestimentos das portas, apoio de braço e parte traseira dos encostos dos bancos dianteiros (uma cor ou algo menos propenso a ficar marcado por pó branco)


Em suma, é verdade que o visual da 10ª geração do Civic hatchback não cai bem no gosto de toda a gente, mas pondo de parte esta controvérsia e depois de testadas ambas as motorizações disponíveis para o novo modelo, somos da opinião de que o Honda Civic está de volta!
Este Civic 1.5 i-VTEC Turbo irá com certeza encher as medidas de muitos dos saudosistas das antigas 4ª, 5ª e 6ª gerações que procuram a diversão de outros tempos. As suas prestações a nível de performance, comportamento do chassis e som gerado pelo motor turbinado fazem-no uma excelente escolha para quem queira voltar a sentir aquilo que os Civic de outros tempos ofereciam, mas agora com os níveis de segurança, equipamento de conforto e conveniência do século XXI.
Isto tudo aliado às excelentes prestações a nível de consumo, fazem deste 1.5 a escolha mais equilibrada para uma utilização diária em qualquer situação e cenário rodoviário.
Se está a pensar em mudar de diesel para gasolina, este é o melhor compromisso para manter a potência, resposta e consumos a que está habituado (nos motores de 2 litros).

*Após nova avaliação, efetuada em finais de novembro, o resultado da avaliação Euro NCAP subiu para a classificação máxima de 5 estrelas. Esta nova pontuação é válida para unidades com ambas as motorizações 1.0 e 1.5 i-VTEC Turbo fabricadas após 25 de setembro de 2017.





C. Ruivo
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