Takata declara falência, Honda antecipa dificuldades em recuperar gastos das recolhas
Naquele que é provavelmente o maior caso de insolvência de um fabricante japonês, a Takata Corp. enfrenta os custos e indemnizações de dezenas de milhares de milhões dólares decorrentes de quase uma década de recalls e processos judiciais.
Após ter pedido proteção de falência no domingo nos EUA e na segunda-feira no Japão, a Takata aceitou ser maioritariamente adquirida pela chinesa Key Safety Systems (KSS), empresa fornecedora de peças com base nos Estados Unidos, por 1.6 mil milhões de dólares.
O diretor de operações da TK Holdings (representante das operações da Takata em solo norte-americano), Scott Caudill, declarou que a empresa japonesa estima recolher até 2019 cerca de 125 milhões de veículos em todo o mundo.
A Tokyo Shoko Research Ltd. estima que o passivo total da Takata será de 1.7 mil biliões de ienes (cerca de 13.349.596.473 €).
O acordo entre a KSS e a Takata, que levou 16 meses a decidir, pressupõe que a primeira assuma as operações viáveis da segunda, enquanto as substituições dos airbags continuam. A KSS irá manter a maior parte do total de 60 mil empregados da Takata e as fábricas no Japão. Desta forma, a empresa insolvente poderá continuar a operar sem interrupções para responder da melhor maneira aos custos e obrigações causados pelo problema dos airbags.
O acordo pode deixar o caminho livre para a Takata conseguir lidar com o crescente passivo e se reestruturar, mas também pode penalizar em muito os construtores automóveis e de motociclos afetados.
A Honda Moto Co. Ltd., o maior cliente da Takata, afirmou não ter conseguido chegar a acordo com a fornecedora de airbags sobre as responsabilidades das recolhas. Apesar de antecipar dificuldades na recuperação na maioria das suas reivindicações, irá continuar as conversações com a Takata.
Incerta sobre quanto a falência da Takata irá afetar a sua participação de 1,2% na fornecedora, a Honda já terá tomado medidas no valor de 556 mil milhões de ienes (cerca de 4.375.741 €) para cobrir os custos das recolhas de 51 milhões (estimativa) de airbags Takata com defeito no mundo inteiro.
No passado mês de fevereiro, num tribunal federal norte-americano, a Takata acordou em estabelecer um fundo de restituição no valor de 850 milhões de dólares para compensar as recolhas efetuadas pelos fabricantes automóveis, e outro no valor de 125 milhões de dólares para indemnizar quem sofreu lesões físicas decorrentes do mal funcionamento dos airbags e que não tenha ainda chegado a acordo com a Takata.
Os airbags defeituosos da Takata Corp. estão ligados a pelo menos 16 mortes e 180 lesões em todo o mundo.
Veículos Honda e Acura afetados:
Honda: Accord 2001–2012; Accord Crosstour 2010–2015; Civic (incluindo híbridos e GPL) 2001–2011; CR-V 2001–2011 e
2016; Odyssey 2002–2004; Pilot 2003–2015; Element 2003–2011; Ridgeline
2006–2014; Jazz 2001–2013; Jazz EV 2013–2014; Insight e FCX Clarity 2010–2014; CR-Z
2011–2015; Stream 2001–2003; Gold Wing 2006–2010 e 2012
Acura: TL 3.2 2002–2003; CL 3.2 2003; MDX 2003–2006; RL
2005–2012; RDX 2007–2016; TL e TSX 2009–2014;
ZDX 2010–2013; ILX (incluindo híbridos) 2013–2016
PORTUGAL
Desde maio de 2013, a Honda Portugal tem vindo a notificar os proprietários
dos modelos afetados para que estes se dirijam aos seus concessionários afim de procederem à substituição gratuita dos componentes.
Se ainda não foi contactado e se tem dúvidas se está abrangido pelo recall, a Honda Portugal disponibiliza um verificador online, para isso basta seguir o link: Ação de recolha e inserir o VIN do seu veículo. Se estiver abrangido pelo recolher, deverá contactar o seu concessionário e marcar a intervenção. De acordo com a marca, o procedimento demorará cerca de 1 hora.
Fonte: Reuters