20.7.16

Auditoria à japonesa Takata revela manipulação de registos

De acordo com uma auditoria independente, ainda a decorrer, realizada por Brian O’Neill, antigo presidente do Instituto de Seguradoras para a Segurança Rodoviária (IIHS - Insurance Institute for Highway Safety), a fabricante de airbags Takata manipulou rotineiramente os dados dos testes efetuados à unidades do dispositivo e que posteriormente enviava para a Honda.

A manipulação consistia em não incluir intencionalmente alguns dos resultados dos testes. Ou seja, basicamente a fabricante de airbags retirava alguns dos maus resultados por forma a que, estatisticamente, o desempenho dos dispositivos não fosse tão mau. Isto era feito não para esconder um ou outro produto defeituoso, mas para reduzir a variabilidade do desempenho do dispositivo. O problema é que esta redução figurava apenas no papel. Segundo os auditores, a Honda recebia então uma versão aligeirada do relatório com uma estatística mais "animadora".

A auditoria, de iniciativa da Honda e da Takata, teve início em outubro de 2015 dias depois da construtora japonesa ter anunciado a descoberta de dados manipulados.

À Bloomberg, O´Neill declarou que: "Encontrámos exemplos do que eu chamo de 'edição seletiva', onde eles deixaram de fora resultados não porque eram maus resultados, mas porque os resultados que permaneceram eram melhores.", e terem ainda encontrado "provas de que o relatório que chegou à Honda era uma versão mais pequena do que a original, e era uma versão mais curta e bonita."

Se a posição da Takata era má antes destas descobertas, agora vai de mal a pior. Segundo o canal informativo, a Takata irá precisar da ajuda dos seus clientes para fazer face aos custos de um recall que poderá ultrapassar os 100 milhões de airbags em todo o mundo.

Mas esta má conduta não se limitou à Honda. Vários engenheiros depuseram que a empresa também alterou dados em relatórios enviados à Toyota, Nissan e GM.
Um deles foi Kevin Fitzgerald, um engenheiro que saiu da Takata em 2014, que testemunhou o seu colega Shinichi Tanaka alterar o relatório de um teste a um dispositivo para a Nissan em 2005. Durante o seu depoimento, declarou ter reportado esta manipulação aos diretores e advogados da empresa que lhe asseguraram que iriam tomar providências. Como resultado, o seu colega Tanaka foi promovido a seu chefe.


Fonte: Bloomberg
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