31.8.18

Relação Honda - Red Bull Racing divide opiniões nos bastidores da F1

Para a próxima temporada da F1, a Red Bull Racing irá trocar a Renault pela Honda no fornecimento dos seus propulsores. Na causa do rompimento da equipa austríaca com a francesa estarão prolongados desentendimentos envolvendo a falta de competitividade dos motores Renault que alimentam os carros da equipa de Christian Horner.

No ambiente da F1, as opiniões divergem quanto a uma decisão que, à partida, parece ser de risco. Enquanto uns não esquecem o passado de baixa de fiabilidade notada na parceria com a McLaren, outros vêem a significativa melhoria do comportamento dos motores Honda na Toro Rosso como um sinal positivo.

Dos que não partilham deste positivismo está Daniel Ricciardo, cujo contrato com a Red Bull termina este ano e que já anunciou a sua transferência para a Renault Sport F1, decisão que obteve o apoio de Felipe Massa e do chefe da Renault, Cyril Abitebul. Apesar de não ter comentado a razão, especula-se que o piloto australiano vê nesta mudança de fornecedores algo em que não está disposto a apostar o futuro da sua carreira.

Já o seu companheiro de equipa, Max Verstappen, tem opinião contrária e dá o benefício da dúvida.
À Ziggo Sport declarou que: "Para começar, temos que dar um passo à frente, mas espero que, no final, estejamos próximos. (...) Olhando o seu caminho nos últimos dois anos, eles (Honda) avançaram consideravelmente. Raramente se vê algo avariado. (...) O mais importante é que queremos levar as coisas ao limite. Eles têm os meios, o que é muito importante se quisermos enfrentar equipas como a Ferrari e a Mercedes. Em geral, a Honda é uma séria candidata. Eles já estão em testes e querem muitas caixas de velocidades nossas para se preparem para o ano que vem."
Embora otimista, mantém-se cauteloso quanto à evolução dos resultados, não esperando grandes chances de titularidade durante 2019: "No ano que se segue (2020), devemos estar no máximo da nossa força."

Por outro lado, Cyril Abitebul não se mostra impressionado com as prestações da fornecedora japonesa. "A Honda está em evolução, mas quando vejo as declarações de gratidão da Toro Rosso e ao mesmo tempo a Honda já vai em 11 ou 12 unidades de potência, sinceramente, é uma piada. Entendo que influencie um piloto como Gasly, mas não um como Ricciardo", comentou durante a conferência de imprensa em Spa-Francorchamps. Mesmo assim, admite não estarem "ao nível da Red Bull e isso não acontecerá em 2019. Mas o Daniel está ciente disso."

O ex-piloto da Red Bull, David Coulthard, por sua vez, não acredita que a mudança seja um risco, esclarecendo à Crash que: "A Renault tem uma grande história na F1, mas enquanto eles tentam construir uma equipa para serem campeões com esta, ficarão verdadeiramente felizes em ganhar com um Red Bull? Ninguém sabe o que o futuro reserva, mas se usas os mesmos ingredientes o tempo todo, obténs o mesmo bolo. Se quiseres um resultado diferente, tens de mudar alguma coisa no processo. Penso que não é um risco quando tens as informações da Toro Rosso. (...) Eles (Red Bull) sabem os dados mais importantes, sabem quanta potência chega às rodas do carro e saberão quanto chega na Renault. Ninguém sabe como a Renault evoluirá, ninguém sabe como a Honda evoluirá, mas analisas os planos de desenvolvimento e orçamentos e assumes que, continuando com o mesmo perfil do passado, te levará até um certo ponto."

Outro testemunho à imprensa da evolução dos motores Honda é a análise do piloto da Sauber, Marcus Ericsson, quanto ao desempenho do Honda de Pierre Gasly durante o GP da Bélgica: "Estava na área de DRS (sistema de redução de arrasto) de Gasly no início da corrida, mas não consegui superá-lo. Eu não conseguia nem chegar perto dele com o DRS, a meu ver a Honda fez grandes progressos. (...) Ainda acho que a Mercedes e a Ferrari são os dois motores mais potentes, mas a Honda é muito mais forte do que o que é dito, como foi confirmado nesta corrida."

Tendo conseguido vencer a batalha com Ericsson, Gasly mostrou-se bastante contente com o comportamento do seu carro: "Penso que está a ficar melhor. O manuseamento, a fiabilidade, não temos tido quaisquer problemas. Precisamos de um desempenho extra para nos tornarmos mais consistentes nos top 10, mas penso que este fim de semana foi verdadeiramente positivo."

Quanto ao chefe da equipa da Red Bull Racing, Christian Horner mostra-se confiante na escolha. Sobre as várias mudanças de motores na Toro Rosso, esclareceu à Globo que: "Algumas das mudanças não eram necessárias, foram táticas e não apenas baseadas na fiabilidade, estamos a pressionar a Honda nesta fase de desenvolvimento e por isso eles estão a ser mais agressivos. (...) Temos confiança naquilo que vemos, os investimentos que fazem e a qualidade do recursos humanos envolvidos no projeto. (...) As coisas estão a ir na direção certa, a sério, agora apenas o tempo dirá se isso será suficiente, e verão algumas peças de motor novas por parte da Honda este ano, mas estão em desenvolvimento para 2019."

À Servus TV, Helmut Marko, conselheiro de ambas as equipas da Red Bull, comentou a relação com a Honda frisando os esforços feitos pela japonesa: "Para o próximo ano, a Honda irá empenhar-se ainda mais. Eles têm um centro de desenvolvimento em Sakura com o qual ninguém consegue competir. (...) A nossa abordagem com a Honda é diferente da da McLaren. Eles diziam-lhes como queriam que o motor fosse construído, nós dizemos-lhes: 'construam o motor mais competitivo possível, depois nós vemos como o iremos colocar no chassis'. (...) Nós não temos exigências, discutimos tudo juntos."
Quanto à relação com a Renault, Marko admite ter perdido a fé na fornecedora francesa: "Eles estavam constantemente a fazer previsões que iríamos ser competitivos no ano seguinte, mas isso nunca acontecia. Perdemos a fé. (...) A Honda é um parceiro que é comprometido, tem os recursos financeiros e técnicos, e nós somos a equipa número 1 para eles. (...) Para a Renault, somos apenas um cliente."
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