24.5.13

Ensaio > CR-V 2.2 i-DTEC 4WD


Com a chegada aos mercados do modelo 1.6 i-DTEC agendada para o Outono, fomos testar o único SUV com tracção às 4 rodas que a marca tem actualmente no mercado português.
O CR-V 2.2 i-DTEC 4WD, na sua versão Lifestyle, foi-nos entregue numa tarde de tempo instável nas instalações da Honda Portugal, à qual agradecemos o convite e disponibilidade, e após uma breve reunião iniciámos o ensaio.
Duração > 3 dias
Distância percorrida > cerca de 550km's


A primeira impressão é bastante boa, e é inevitável compará-lo com o HR-V com que nos deslocámos à Honda Portugal e que teve grande aceitação na década passada. As diferenças entre os dois são claramente notórias quanto à evolução da tecnologia e qualidade dos materiais, fruto do decorrer dos tempos. Mas mesmo assim, existe algo que os liga e não perdemos a sensação de nunca ter saído de um Honda.

DESIGN
Senhor de um design sóbrio, sem exageros ou grandes exuberâncias onde a grelha frontal de barras cromadas se destaca e os farolins, bem integrados, acompanham as linhas traseiras numa posição vertical, herança do design das versões anteriores.
Exteriormente, a estética desta versão difere da Elegance (menos equipada) pela integração de faróis Bi-HID autonivelantes e respectivos lava-faróis, vidros escurecidos e elegantes jantes de liga-leve de 18".
O design simples e sóbrio estende-se ao interior, onde não há lugar
a exageros na instrumentalização.
Os painéis de instrumentos encontram-se todos ao alcance do condutor e bem localizados, permitindo que sejam utilizados sem distracções ou desvios de olhar da estrada.
O conforto é uma das suas características, com bancos ergonómicos que acompanham o corpo desde a cabeça até à zona dos joelhos e excelente posição de condução, facilmente se efectua uma viagem longa de algumas centenas de km’s sem nos sentirmos fatigados ou desconfortáveis. Os bancos traseiros oferecem um nível de conforto que não é muito habitual, e incluem um reclinar extra aumentando o conforto em viagens mais longas.
Os estofos de qualidade superior, em Alcântara e pele, ofereceram um conforto extra e boa aderência.

O habitáculo é bastante generoso, e ninguém se pode queixar de falta de espaço no seu interior.
Com o sistema de bancos mágicos traseiros, a capacidade de carga, já de si excelente, aumenta oferecendo uns excepcionais 1.669 litros. O acesso à bagageira é facilitado pela grande porta, nível de acesso rebaixado e uma plataforma contínua e nivelada mesmo com os bancos rebaixados.
Com cerca de 15.500 km’s, o CR-V que nos foi cedido não apresentava nenhum barulho parasita, provavelmente será outro ponto em comum com o HR-V em, que após 14 anos e muito trabalho de suspensão continua sem barulhos anormais, comprovando a qualidade dos materiais e da construção Honda.
A primeira coisa que notamos foi o silêncio, a insonorização do motor e ausência de barulhos aerodinâmicos salta ao ouvido, quer seja em auto-estrada, ou em pisos irregulares como os das estradas nacionais onde nem o rolar dos pneus em alcatrão duvidoso se tornou incomodativo.

MOTOR
O motor que equipa este SUV é o mesmo que equipa o Civic 2.2 i-DTEC, no entanto a diferença de peso entre o ligeiro Civic e o CR-V, não torna este último num arrastão.
Quanto a prestações, o motor de 4 cilindros DOHC 16 válvulas, de 2200cc com 150cv às 4000 rpm é energético e responde bem às exigências tanto de uma condução calma como desportiva. Com um binário de 350 Nm às 2000 rpm, apresenta excelentes recuperações não nos deixando na mão em ultrapassagens mais curtas. A caixa manual de 6 velocidades podia ser um pouco mais suave, mas está bem escalonada e a 6ª velocidade não se fica apenas pela “velocidade cruzeiro” respondendo muito bem a acelerações repentinas, tendo em conta a relação peso/potência de um veículo desta classe. O motor é silencioso o suficiente para um veículo destes, mas não tanto como o do novo Civic 1.6 diesel aquando no ralenti.

TECNOLOGIA
A tecnologia no CR-V encontra-se presente de forma útil, sem no entanto ser confusa ou intrusiva.
Entre o mais diverso equipamento de série, destacamos alguns que nos pareceram úteis e eficazes.
O sistema i-MID é idêntico ao dos restantes modelos da Honda, prático e user-friendly.
O sistema de parqueamento com câmara traseira é uma boa ajuda oferecendo mais confiança em situações apertadas (a câmara traseira apresentou-se também um elemento a valorizar nas saídas todo-o-terreno, ajudando na visualização de obstáculos escondidos, pena não ter também uma câmara frontal para estas situações).
Tanto os limpa pára-brisas como a iluminação podem ser controlados automaticamente e funcionam na perfeição, gostamos particularmente da função automática dos máximos (HSS), e na maneira precisa em que detectava quando deveria desligá-los e ligá-los novamente, seja por iluminação deficiente da via ou por detectar outro veiculo. Existe ainda uma iluminação extra para situações de curva (ACL) que é accionada com o rodar do volante, e que se demonstrou também uma mais valia em situações de parqueamento.
O sistema de Assistência ao arranque (HSA) mostrou-se uma ajuda extra e eficaz também em todo-o-terreno “agarrando” o veículo em situações de maior inclinação.
Os sistemas Stop&Go e EcoAssist estão também presentes.

CONSUMOS
Após um “reset” inicial ao computador de bordo e ao longo de 3 dias de experiência com cerca de 550km's percorridos, que incluíram percursos de cidade (10%), nacionais (75%), auto-estrada (10%) e todo-o-terreno (5%), a média foi de 6,3lt/100km (com o modo ECON sempre activo), o consumo mais baixo apresentado foi de 6,0lt/100km (auto-estrada) e o mais alto de 7,6lt/100km (cidade).
A marca anuncia valores para esta versão de 5,8lt/100km (combinado) e 154g/km de CO2.


COMPORTAMENTO
O CR-V é um veículo bastante agradável de se conduzir. Apesar dos seus 4,5 metros de comprimento e 1,82 metros de largura, dir-se-ia que se iria ter a sensação de se estar a conduzir uma “banheira”, no entanto o CR-V revelou-se um veículo bastante compacto e a sensação foi a mesma de estar a conduzir um utilitário ou um sedan.
A direcção é suficientemente precisa e leve, ajustando-se conforme o andamento.
A suspensão está bem ajustada ao tipo de veículo, não sendo demasiado mole (tornando o jipe bamboleante), nem demasiado dura (tornando os passageiros bolas saltitantes) de forma a comprometer a segurança do comportamento em estradas de mau piso ou com muitas curvas.

Em todo-o-terreno, não se tratando de um jipe puro e duro, nem aspirando a tanto, o CR-V desenvencilha-se bastante bem em percursos de dificuldade média-baixa com os pneus de origem. Com uns pneus mistos ou all-terrain poderia mesmo aspirar a aventuras de maior dificuldade, se não fosse a altura ao solo de apenas 16,5cm. Com os pneus estradistas Michelin de origem, em pisos arenosos ou lama ligeira comporta-se bem, em subidas e percursos de areia mais solta o seu peso torna-se numa clara desvantagem, fazendo-nos sentir a falta de redutoras. Aqui o HR-V sai privilegiado devido ao seu menor peso, mesmo não tendo redutoras ou pneus mistos (a areia e neve são o seu terreno de excelência). Em terrenos consistentes, mas com algum cascalho e piso pedregoso, o sistema de tracção às 4 do CR-V funciona na perfeição dando-nos a aderência necessária para a transposição de um piso solto e de obstáculos escorregadios.

VALORES

O CR-V 2.2 i-DTEC é comercializado em 3 versões de equipamento, Elegance (42.900€), Lifestyle (45.900€) e a Executive (48.900€), acrescendo ainda a pintura metalizada (opcional),  e as despesas de preparação e logística.




C. Ruivo
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