14.3.13

Ensaio > Civic 1.6 i-DTEC


Desde o anúncio da integração no Civic do novo motor 1.6 diesel, da tecnologia Earth Dreams, que a expectativa se elevou quanto às suas prestações e consumos.
A Honda demorou 5 anos a desenvolver este motor, mas valeu a pena esperar. Embora o seu lançamento algo tardio possa tê-la penalizado no número de vendas. Mas como é apanágio da marca, a excelência não se apressa.
Os motores abaixo dos 1900cc, sempre foram associados a características como barulhentos, fracos, com consumos desproporcionados em comparação com motores de elevada cilindrada, e muito associados aos veículos comerciais ligeiros.
O Civic 1.6 i-DTEC vem quebrar todos esses mitos... e nós fomos testá-lo.

O automóvel de cor branca, com cerca de 10.000 kms, foi-nos entregue a meio da manhã, nas instalações da AutoVip de Almada, a quem agradecemos a cortesia.
Seguimos então para o nosso percurso, constituído por troços de cidade, auto-estrada e nacionais curvilíneas.

DESIGN
O design exterior e interior já é conhecido e herdado dos modelos a gasolina e diesel anteriores, pelo que não nos vamos alongar muito neste assunto.
Apenas iremos referir alguns aspectos principais, tais como a origem da estranha traseira que, ou se ama ou se odeia. Visualmente o conjunto é algo estranho e difícil de engolir para a maioria das pessoas, habituadas a design's mais limpos e de linhas mais envolventes. No entanto, e como adiantado pela Honda, o novo spoiler e farolins salientes foram especialmente desenhados e testados de forma a minimizar o coeficiente de arrastamento, e consequentemente melhorar a sua aerodinâmica, conseguindo assim uma redução de 1 litro!! apenas com estas alterações.
Nos interiores, pouco há a adiantar, mantém-se a disposição dos comandos e mostradores. A zona superior onde fica localizado o monitor do computador de bordo e do velocímetro, necessita de um ajustamento de forma a que a luz solar não incida tão directamente, pois na maior parte do tempo e com o sol na nossa lateral esquerda, a sua visibilidade foi reduzida para metade, tornando difícil a  leitura. O sistema de i-MID (multi-informações) está bem conseguido, é simples, directo, funcional e contem todas as informações necessárias, ao contrário dos sistemas de outras marcas. De destacar ainda a câmara traseira como auxiliar de estacionamento, que funciona na perfeição. De resto, todos os comandos pareceram-nos bem localizados e ajustados ao condutor.
A qualidade dos materiais pareceu-nos boa e durável (mas tudo depende dos cuidados dados pelos proprietários), nada de barulhos parasitas e o volante tem um toque agradável.
O espaço interior é generoso, os bancos são confortáveis e com um bom apoio lombar, no entanto, lateralmente deveriam apoiar e envolver um pouco melhor o condutor. Mantêm-se os bancos traseiros mágicos, que na sua posição de totalmente rebatidos oferecem uma capacidade de carga na ordem dos 1.210 litros.


MOTOR
Este novo motor é constituído por um turbo bem compactado, um bloco de alumínio sujeito a uma redução de peso na ordem dos 50kg e a uma redução da fricção mecânica em aproximadamente 40%, comparando com o 2.2 i-DTEC. É ainda equipado com 120cv às 4000rpm, um excelente binário de 300Nm às 2000rpm e uma nova caixa de 6 velocidades, cerca de 7kg mais leve. Este emagrecimento frontal, conseguiu reduzir substancialmente um dos pontos negativos que foram apontados no modelo equipado com o 2.2 i-DTEC, o da sobreviragem.
A primeira coisa que notámos, ao ligarmos o Civic, foi a ausência do típico martelar dos motores de baixa e média cilindrada. A verdade, é que o barulho produzido por este motor é tão leve que facilmente nos esquecemos que estamos num diesel e o confundimos por um motor a gasolina, quer no exterior quer no interior do veículo. Para este facto, contribui o inovador sistema de supressão activa de ruído instalado pela Honda, que visa reduzir os ruídos de baixa frequência no interior do habitáculo. Este dispositivo funciona sempre que o veículo se encontra em movimento, reduzindo o nível de ruído dentro do carro em aproximadamente 10 dB, comparativamente com outros veículos da mesma gama e características similares, funcionando tanto com o rádio ligado ou desligado.
O motor tem uma excelente resposta, uma primeira mudança bastante energética e boas recuperações que facilitam as ultrapassagens mais apertadas. A caixa de velocidades está bem escalonada, embora para os que estão habituados às anteriores caixas standard de 5 velocidades, a sua posição algo desviada para o condutor demore algum tempo a interiorizar, não escapando a algumas entradas ao lado ou colocação da mudança errada.


TECNOLOGIA
A Honda abandonou o botão Start&Stop, voltando ao funcionamento típico com chave, e integrou os sistemas Stop&Go e EcoAssist, presente nas restantes gamas, e que vêm dar uma ajuda à redução dos consumos.
O Stop&Go (sistema de paragem ao ralenti) funciona na perfeição, como podemos testemunhar. Este sistema põe o motor em stand-by aquando de uma paragem, por exemplo num semáforo, voltando a trabalhar quando se solta o pedal da embraiagem.
Herdado dos híbridos, o EcoAssist funciona, principalmente como uma ajuda visual, mudando a cor do mostrador do velocímetro consoante estamos a efectuar uma condução ajustada à economia ou não. Em travagem, acelerações abruptas ou condução mais desportiva fica da cor azul, se efectuarmos uma condução controlada e suave torna-se verde.
Ao contrário do 2.2 i-DTEC, este modelo não possui a grelha frontal ajustável, o que é de lamentar uma vez que poderia ajudar a atingir valores de consumo ainda mais baixos, principalmente aquando de uma condução mais desportiva.

CONSUMOS
A marca anuncia consumos mínimos de 3,6l/100km, medidos em condições perfeitas claro está, e que nunca chegámos a alcançar. No entanto, os valores alcançados no final do ensaio não deixaram de surpreender. Após um percurso de cerca de 100km's (10% cidade, 40% auto-estrada e 50% nacionais), com momentos de condução controlada e outros nem tanto, o consumo misto anunciado pelo computador de bordo quando entregámos o carro era de 4,6lt/100km, embora tenhamos conseguido momentaneamente valores como 4,4lt/100km.
Quanto a emissões de CO2, a Honda volta a surpreender com valores de 94g/km, na versão Comfort, e 98g/km nas as versões Sport e Lifestyle.


COMPORTAMENTO
Em cidade, não temos nada a apontar de negativo, a direcção é leve e precisa facilitando os estacionamentos ou manobras em espaços mais apertados. A câmara traseira é uma excelente ajuda, sendo precisa e de boa visibilidade, sem complicações na sua interpretação. A visibilidade traseira, tem sido outro dos aspectos criticados negativamente, devido ao faseamento imposto pelo spoiler, a nós não nos fez grande confusão (supomos que é tudo uma questão de hábito), além de que a câmara traseira vem dar uma grande ajuda para quem necessite.
Em auto-estrada, o comportamento é linear e o andamento suave e sem grandes irregularidades. Aqui a aerodinâmica funciona lindamente, não havendo ruídos dentro do habitáculo motivados por defeitos nesta.
Nas nacionais, onde podemos testar o comportamento da suspensão e consumos com uma condução um pouco mais desportiva, tivemos uma agradável surpresa. A frente agarra muito melhor em percursos de curvas e contracurvas, embora a traseira apresente um comportamento que deveria ser melhorado, e que provoca que a velocidades um pouco mais abusivas tenha tendência a fugir. Aqui podemos comprovar que o sistema ESP funciona lindamente, mantendo o carro na sua trajectória. A suspensão, neste tipo de piso irregular, apresentou-se algo dura e poderia ser um pouco mais confortável, mas não é de todo um aspecto que nos faça desistir do Civic.
Independentemente dos cenários, existe um aviso que queremos deixar aos futuros proprietários... Tenham atenção ao velocímetro, pois é muito fácil extrapolarmos a velocidade a que pretendemos ir. Devido à sua excelente insonorização e prestações, damos por nós a conduzir acima da velocidade desejada e só notamos quando olhamos para o velocímetro.

VALORES
A Honda sempre nos habituou a ter uma excelente relação equipamento/valor, e o novo modelo não fica atrás.
O Civic 1.6 i-DTEC está a ser comercializado em 3 versões de equipamento, Comfort (24.350€), Sport (25.600€) e, a totalmente equipada, Lifestyle (27.700€) faltando apenas o sistema de navegação e a ficha USB/video como opcionais. A estes valores acresce ainda as despesas e transporte (990€), e caso seja pretendido a pintura metalizada (380€). Estes valores já incluem o IVA, à taxa de 23%.

Pedimos desculpa, mas devido a problemas técnicos não conseguimos efectuar a recolha de imagens do ensaio. As imagens aqui utilizadas são genéricas.


C. Ruivo
Back To Top